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Justiça determina que bicheiro Rogério de Andrade retorne a presídio no Rio de Janeiro

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Justiça

Ele está há cerca de um ano no Presídio Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul

Rio de Janeiro / RJ

O Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) revogou o Regime Disciplinar Diferenciado do bicheiro Rogério de Andrade, determinando que ele seja transferido para uma prisão no estado do Rio de Janeiro. Desde novembro do ano passado, o contraventor está em uma penitenciária federal de segurança máxima em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Ele é apontado como chefe de uma organização criminosa e mandante da morte do contraventor Fernando Iggnácio, com quem disputava o controle de pontos do jogo do bicho.

A decisão da 8ª Câmara Criminal, assinada no dia 11, atendeu parcialmente ao pedido de habeas corpus da defesa de Rogério. Conforme o voto do desembargador Marcius da Costa Ferreira, a prisão preventiva foi mantida, mas o magistrado entendeu que o bicheiro não tem o “perfil” para continuar no sistema penitenciário federal.

No voto, o desembargador pontou que o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), quando aplicado a presos provisórios, deve demonstrar sua necessidade para a segurança da sociedade ou do sistema prisional. Com isso, deve ser comprovado com novos elementos que o detido continua apresentando alto risco. A Justiça entendeu que, após o período de um ano, não há novos fundamentos que justifiquem a permanência do RDD.

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Marcius ainda pontuou que o regime deve ser empregado em “momento próximo ao fato que lhe deu ensejo”, o que não acontece no caso do bicheiro. Por fim, destacou que Rogério de Andrade possui bom comportamento no sistema prisional.

Entenda o caso

Rogério Andrade foi preso em outubro do ano passado, apontado como mandante da morte de Fernando de Miranda Iggnácio, em 2020. Eles são, respectivamente, genro e sobrinho de Castor de Andrade, um dos maiores chefes do jogo do bicho no Rio, que morreu em 1997, e disputavam os pontos do jogo do bicho. O crime aconteceu em novembro de 2020, no estacionamento de um heliporto, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Sudoeste, quando a vítima desembarcava, e acabou atingida por três tiros, um deles na cabeça.

Segundo denúncia de 2021 do Ministério Público do Rio (MPRJ), a morte de Iggnácio foi ordenada por Andrade e Márcio Araujo de Souza, e a execução realizada por Rodrigo Silva das Neves, Ygor Rodrigues Santos da Cruz, o Farofa, Pedro Emanuel D’Onofre Andrade Silva Cordeiro, o Pedrinho, e Otto Samuel D’Onofre Andrade Silva Cordeiro. Rogério foi denunciado em 2021 pelo crime e acabou solto em 2022, por decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).

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Patrono da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, ele chegou a ser preso outra vez em de 2022, mas deixou a cadeia poucos meses depois, após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) conceder liminar para substituir a prisão preventiva por medidas cautelares, que incluíam a tornozeleira eletrônica e o recolhimento domiciliar à noite. Em abril do ano passado, o ministro do STF, Kassio Nunes Marques, também havia revogado as medidas cautelares.

Por fim, o contraventor foi novamente preso em 2024, durante a Operação Último Ato. Antes de ser transferido para o presídio federal, Rogério de Andrade ficou preso em uma cela isolada de 6m² na penitenciária Laércio da Costa Pellegrino, em Bangu 1, unidade prisional de segurança máxima do estado do Rio. 

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* Informações de O Dia – Conteúdo

* Foto/Destaque: Crédito – Reginaldo Pimenta/Agência O Dia

 

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Mineradora é condenada por desastre em Mariana

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Decisão é de Corte inglesa. Indenização a ser paga pela BHP alcança R$ 230 bilhões, dos quais seriam abatidas compensações de acordos no Brasil. Empresa é uma das donas da Samarco, dona da barragem que arrasou parte do município mineiro

Por Vinicius Dória* – Brasília / DF

O Tribunal Superior de Londres considerou a mineradora anglo-australiana BHP “parcialmente culpada” pelo colapso da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em novembro de 2015. A Corte reconheceu a responsabilidade da companhia, que é sócia da brasileira Vale no controle da Samarco, responsável pela barragem que rompeu, matando 19 pessoas e derramando milhões de toneladas de resíduos de lama e minério de ferro na bacia do Rio Doce, que banha Minas Gerais e deságua no Espírito Santo. A decisão, anunciada na manhã de ontem, na capital inglesa, abre caminho para o pagamento de indenizações às vítimas da tragédia que podem chegar a R$ 230 bilhões — dos quais seriam abatidas as compensações feitas em acordos anteriores.

Escritórios de advocacia do Brasil se uniram a uma banca inglesa para processar a BHP, que tem sede na Austrália e ações listadas na Bolsa de Valores londrina. Por isso, a decisão judicial vale apenas para a BHP, sem incluir a Vale, mas a mineradora brasileira tem um acordo para dividir com a sócia anglo-australiana os custos da indenização. No mês que vem, deve ser definido o calendário com os próximos passos do processo na Corte britânica.

A ação envolve 240 mil autores, entre moradores, prefeituras, empresas e entidades, como igrejas e associações. É considerada, pelos valores envolvidos, o maior processo coletivo da Justiça do Reino Unido. Para a juíza Finola O’Farrell, responsável pelo caso, há fartura de provas a apontar que a BHP, como corresponsável pelas decisões da Samarco, sabia dos riscos associados à operação da barragem de Fundão, mas não adotou medidas para evitar o rompimento da estrutura. Ela frisou ainda que, desde agosto de 2014 (um ano antes do desastre), já havia informações de auditores independentes de que a barragem apresentava problemas, mas houve negligência da BHP.

A mineradora anglo-australiana vai recorrer da decisão, mas garantiu que mantém os compromissos assumidos no Brasil para indenização das vítimas e compensação ambiental, que somam R$ 170 bilhões. Afirma que mais de 610 mil pessoas já foram indenizadas e que a Corte britânica vai levar em consideração, na definição dos pagamentos, os acordos firmados sob responsabilidade da Justiça brasileira, o que pode reduzir o montante a ser dividido entre os autores da ação.

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Mesmo estando fora do alcance da decisão judicial inglesa, a Vale informou, também ontem, que deve aprovar um provisionamento adicional de aproximadamente US$ 500 milhões (R$ 2,6 bilhões, aproximadamente) em seu resultado financeiro de 2025 para fazer frente a compromissos decorrentes do rompimento da barragem de Fundão.

Entre os beneficiados pela decisão da Justiça britânica estão duas comunidades quilombolas de Conceição da Barra (ES), representadas pelo escritório do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay: a Associação dos Remanescentes dos Quilombos de Produtores e Produtoras Rurais da Agricultura Familiar da Comunidade Quilombola de São Domingos Sapê do Norte, de Conceição da Barra, e a Associação dos Remanescentes dos Quilombos de Produtores Rurais da Agricultura Familiar e Pesqueira da Comunidade Morro da Onça — Sapê do Norte.

Ao Correio, Kakay disse que a decisão “é uma mensagem para o mundo todo”. Ele considerou que a decisão traz um “forte simbolismo” por ter sido proferida no momento em que o Brasil sedia a 30ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30), em Belém.

Soberania

Já o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, considera que a decisão da Corte de Londres é uma invasão indevida no processo e nos acordos indenizatórios celebrados no Brasil. Ao Correio, disse que a decisão atropela o Judiciário brasileiro, fere a soberania nacional soa como uma espécie de tutela ao país.

“A Constituição brasileira assegura a todo e qualquer brasileiro que possa buscar na Justiça os seus direitos. Não temos nada contra empresas, comunidades, associações, municípios, pessoas busquem a Justiça para ter os seus direitos reconhecidos. Não temos nada contra que as pessoas busquem melhores condições de compensação. Agora, fazê-lo por meio de outro país, através de uma corte londrina, como é o caso, isso é inadmissível. Nós não somos uma colônia”, criticou.

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Ainda segundo o presidente do Ibram, a decisão da Corte londrina pode ser uma sinalização perigosa para as empesas brasileiras que atuam no exterior. “Imagine você uma legislação inglesa ou francesa, ou russa, ou argentina, estabelecer sanções aqui no Brasil. Isso é aceitável? Isso não pode ser aceitável, porque é um desrespeito à soberania nacional, em primeiro lugar. Em segundo lugar, um enorme desrespeito à Justiça brasileira, que tramitou em julgado um valor de R$ 170 bilhões, que estão sendo pagos. Inclusive, R$ 70 bilhões já foram expedidos nessa altura”, frisou.

Em novembro do ano passado, a Justiça Federal em Minas Gerais absolveu por falta de provas as mineradoras BHP, Vale e Samarco, além dos executivos denunciados pelo Ministério Público Federal. Mas a decisão foi alvo de recurso que tramita no Tribunal Regional Federal da 6ª Região, em Belo Horizonte.

Em outubro de 2024, as mineradoras assinaram com o Poder Público um acordo para indenizar vítimas e reparar os danos causados pelo rompimento da barragem, que totaliza R$ 170 bilhões — incluindo R$ 38 bilhões liberados pela Samarco antes da assinatura do acordo. Na Justiça inglesa, o processo contra a BHP foi aberto 2018, para aumentar a pressão pelo pagamento de indenizações. Apenas em março a fase de julgamento teve conclusão, cuja sentença foi anunciada agora.

Em 5 de novembro de 2015, a barragem de rejeitos colapsou e despejou serra abaixo cerca de 40 milhões de metros cúbicos de lama, que matou 19 pessoas e destruiu comunidades inteiras, como o distrito de Bento Rodrigues. Mais de 600 pessoas ficaram desabrigadas. Muitas nunca mais voltaram para o lugar onde viviam. O desastre contaminou o Rio Doce, um dos mais importantes do Sudeste, que banha Minas Gerais e Espírito Santo. A mancha de água barrenta se espalhou também pelo litoral capixaba e chegou até o arquipélago de Abrolhos, no Sul da Bahia, um santuário marinho protegido por lei, berçário de baleias e de outras espécies.

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  • Correio Braziliense – Conteúdo
  • Foto/Destaque: Reprodução / Redes Sociais
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