Fiscalização de Bebidas
Metanol tem 59 casos suspeitos em todo o país
SAÚDE

Desses, 11 tem confirmação da presença do elemento tóxico. Ministério da Saúde cria Sala de Situação para coordenar as ações contra o surto e inicia compra de antídotos. Câmara desengaveta projeto que endurece pena por adulteração de bebida e alimento
Por Iago Mac Cord* – Brasília / DF
O Brasil tem, até agora, 59 registros de intoxicação por metanol, entre suspeitos ou confirmados. O balanço foi apresentado, ontem, pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, na instalação da Sala de Situação de Intoxicação por Metanol, que reunirá secretarias estaduais e especialistas em toxicologia do país, incluindo os 32 Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS). O objetivo é coordenar o enfrentamento ao surto, cujo epicentro é São Paulo, onde se concentra a maioria dos casos.
A crise sanitária levou a Câmara dos Deputados a se mobilizar e desarquivar um projeto de lei de 2007 que torna a adulteração de bebidas e alimentos crime hediondo. A matéria tramitará em regime de urgência e pode ser votada na próxima semana.
Das 59 notificações, 11 têm confirmação laboratorial da presença da substância. Um dos suspeitos de contaminação é o rapper Hungria, do Distrito Federal, que, inclusive, foi citado por Padilha na coletiva em que esmiuçou as ações da pasta.
Segundo o ministro, é essencial comunicar as suspeitas o mais brevemente possível, uma vez que a intoxicação por metanol requer agilidade no atendimento para evitar sequelas. Ele frisou que a Notificação Imediata, determinada pelo ministério — qualquer profissional de saúde que suspeite de intoxicação pela substância deve informar imediatamente o CIATox da unidade da Federação em que é feito o atendimento —, foi responsável pela identificação das suspeitas.
Padilha reforçou a orientação para que os profissionais de saúde consultem o Guia de Vigilância em Saúde e uma nota técnica específica, publicada pelo ministério, sobre intoxicação por metanol. O documento orienta a notificação na primeira suspeita, sem que seja preciso a confirmação laboratorial ou clínica.
O tratamento deve ser iniciado a partir dos dados clínicos, como sintomas característicos — dor abdominal, cólica intestinal, alterações visuais — associados ao histórico de uso de bebida alcoólica, ou sinais de acidose metabólica (veja infografia ao lado). O etanol farmacêutico é o antídoto recomendado pela pasta e sua utilização está detalhadamente disposta na nota técnica.
“Ali está a orientação clínica de como conduzir o caso. Não precisa esperar uma confirmação laboratorial para começar a conduta indicada no caso de intoxicação por metanol”, destacou o ministro.
Estoque
Segundo Padilha, o governo e o Ministério da Saúde ampliarão o estoque de etanol farmacêutico nos hospitais universitários federais a fim de disponibilizá-los, para qualquer unidade da Federação, centro de referência ou unidade de saúde que precise. Serão disponibilizadas 4,3 mil ampolas adicionais e mais 5 mil, adquiridas emergencialmente, para garantir uma reserva estratégica nos centros de referência, independentemente da necessidade.
O ministro disse, ainda, que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária mapeou 604 farmácias de manipulação, em todo o país, que produzem etanol farmacêutico. A Anvisa está oficiando esses estabelecimentos para que estejam preparados para atender aos pedidos dos governos locais e prefeituras.
“Dessas 604, a Anvisa vai estabelecer uma farmácia, duas, três, de grande referência em todas as capitais dos estados da Federação, que são farmácias que tenham capacidade de uma resposta mais rápida ao pedido dos gestores municipais e estaduais, se necessário”, explicou Padilha.
Em paralelo, o ministro afirmou que a pasta busca alternativas internacionais, como o fomepizol — outro antídoto que pode ser usado em casos específicos de intoxicação por metanol. Isso porque tal substância não tem registro de comercialização no Brasil concedido pela Anvisa.
Por conta disso, o ministério oficiou a agência reguladora para emitir um “edital de procura” internacional a fim de que produtores de fomepizol manifestem interesse em vendê-lo. Além disso, foi encaminhado à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) um o pedido de doação imediata de 100 tratamentos e a intenção de compra de até 1.000 tratamentos com a substância, a fim de que o Brasil possa estocá-lo. A pasta ainda fez contato com as farmacêuticas internacionais, que teriam capacidade de oferta do fomepizol — que será concentrado nos Centros de Referência de Toxicologia, por exigir experiência especializada para sua indicação.
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* Correio Braziliense / Conteúdo
* Foto/Destaque: Crédito – Walterson Rosa / Ministério da Saúde

SAÚDE
Exames mais rápidos e humanização: como Vitória virou 1º lugar em saúde de referência no ES

Investimentos em atenção básica, tecnologia, capacitação de profissionais e programas de prevenção transformaram a rede de saúde
Vitória alcançou, em 2025, a 4ª posição no ranking nacional de acesso à saúde entre 404 municípios avaliados pelo Centro de Liderança Pública (CLP). No Espírito Santo, a capital ocupa o primeiro lugar. Mas esse resultado não veio por acaso: foi fruto de uma série de estratégias e programas que, nos últimos anos, transformaram o atendimento e aproximaram os serviços das famílias.
Na prática, isso significa que milhares de moradores passaram a viver uma experiência diferente na rede pública de saúde: menos filas, mais opções de atendimento e maior proximidade com a atenção básica. Mas o que fez a capital capixaba se destacar entre 404 cidades avaliadas?
Planejamento de longo prazo e foco no básico

Patricia Vedova, subsecretária de Saúde de Vitória / Foto: Reprodução – TV Vitória
Segundo a subsecretária de Saúde, Patrícia Vedova, o ponto de partida foi reorganizar a rede. O município aumentou em 80% os investimentos per capita em saúde nos últimos anos, priorizando atenção básica e prevenção.
Hoje, Vitória conta com 29 unidades básicas de saúde (UBS), todas com equipes de Saúde da Família, psicólogos e multiprofissionais. Parte delas funciona até as 22 horas, nos fins de semana e feriados.
“Com isso conseguimos aliviar a pressão nos prontos-atendimentos. O morador encontra a unidade aberta perto de casa, no horário em que pode, e resolve boa parte das demandas ali mesmo. Praticamente zeramos filas em áreas como oftalmologia e ampliamos os serviços de saúde mental. Hoje temos psicólogos em todas as unidades”, disse Patrícia Vedova, subsecretária de Saúde
Esse modelo tem garantido, por exemplo, a eliminação da fila de mamografia, de cardiologia, de oftalmologia para estudantes da rede municipal, com mais de 3 mil óculos entregues..
Além disso, a cobertura da Estratégia de Saúde da Família chegou a 100%, garantindo acompanhamento multiprofissional em todas as regiões, incluindo médicos, psicólogos e educadores físicos.
Programas que fazem diferença
Os investimentos também miraram programas de prevenção e cuidado direto. Entre os destaques estão:
- Saúde Tá On?: plataforma que permite escolher dia e horário para consultas especializadas.
- Casa Rosa: referência no acolhimento de mulheres e crianças vítimas de violência.
- Sou da Ilha: entrega de kits de maternidade para gestantes que realizam todo o pré-natal na rede pública.
- Escola Técnica do SUS: única no Estado, responsável por mais de 7 mil capacitações anuais para servidores da saúde.
- Caps 24h: único município do Espírito Santo com dois centros de atenção psicossocial funcionando em tempo integral.
Essas iniciativas, somadas ao uso de tecnologia, também facilitaram a rotina dos moradores. Totens de autoatendimento e agendamento de consultas pelo celular reduziram burocracias e filas.
Impacto na vida das famílias
Os avanços da rede de saúde em Vitória se refletem em histórias cotidianas, que revelam como a reorganização do sistema mudou a forma como os moradores vivem a cidade.
A trabalhadora doméstica Raíza Emanoelle, mãe de três filhos, lembra bem das dificuldades da primeira gestação, quando não conseguiu realizar exames importantes pelo SUS. Agora, grávida pela segunda vez, ela compara as experiências. O que antes era sinônimo de espera e incerteza, hoje se tornou acompanhamento garantido.
Durante a atual gravidez, Raíza conseguiu acesso a exames como a ultrassonografia morfológica e, pela primeira vez, marcou consultas pelo celular. “Isso facilita muito para quem trabalha”, conta. Para ela, a tecnologia e a ampliação da rede representaram não apenas conforto, mas também segurança para a saúde do bebê e dela mesma.
Para a aposentada Nilza Duarte Maria, de 67 anos, a diferença está na tranquilidade. Moradora de Conquista, ela lembra da época em que exames de rotina demoravam até dois anos para serem marcados. Hoje, a agilidade permite que ela cuide do coração sem a angústia da espera prolongada. “Agora é rápido, consigo me tratar com mais segurança”, resume.
O olhar de quem está na linha de frente
Se para as famílias os benefícios aparecem na forma de consultas mais rápidas e tratamentos acessíveis, para os profissionais que estão na ponta a transformação também é visível. O supervisor de Combate às Endemias, Leandro Chagas, que atua em Jardim da Penha, lembra bem como era a rotina antes da chegada das novas tecnologias.
“Antes a gente saía para o campo carregando pastas e mais pastas cheias de formulários. Se um imóvel estava fechado, precisávamos voltar depois e conferir tudo manualmente, planilha por planilha. Hoje, com o tablet, temos todo o histórico em mãos: sabemos se já houve foco de dengue, quais foram as orientações deixadas e até quais imóveis são considerados de risco”, pontuou Leandro Chagas
Segundo ele, a mudança não se resume apenas à praticidade. “No início, houve dúvida, até resistência, porque tudo que é novo assusta. Mas depois do treinamento, percebemos que a tecnologia veio para somar. Agora conseguimos ser muito mais ágeis e assertivos”, conta.
Leandro ressalta que o impacto vai além das ferramentas: houve também um fortalecimento do vínculo entre agentes e comunidade. “A gente passa sempre na mesma área, acaba criando laços com as famílias. Claro, ainda há resistência em alguns casos — muitos não recebem por falta de tempo ou por medo, principalmente em áreas mais inseguras. Mas quando o morador entende que o nosso trabalho é prevenção, a recepção melhora. E é isso que salva vidas: agir antes dos casos explodirem.”
Para ele, o reconhecimento institucional representa um marco importante na valorização do trabalho dos agentes. Se antes a categoria era lembrada quase exclusivamente em períodos críticos, quando os índices de dengue estavam em alta, hoje há uma mudança perceptível: a gestão passou a dar visibilidade às ações cotidianas, mesmo em momentos de controle dos casos.
Essa postura da administração fortalece a motivação da equipe e evidencia que o esforço contínuo dos agentes, muitas vezes invisível à população, tem sido reconhecido como parte essencial da estratégia de saúde pública.
Leandro resume a sensação em poucas palavras: “O que mudou não foi só a forma como a gente trabalha, mas a forma como a gente é visto. Esse reconhecimento nos fortalece e nos motiva a seguir em frente.”
Próximos passos da rede
A Prefeitura mantém um pacote de obras para consolidar a rede:
- Novas UBSem Santo Antônio, Grande Vitória, República, Consolação e Forte São João.
- Duplicação da unidade de Jardim Camburi.
- Centro de Referência do Idoso.
- Primeira UPA de Vitória.
- Novas sedes para o Caps Infantil.
Segundo a secretária municipal de Saúde, Magda Lamborghini, a ideia é não perder o ritmo.
“Cada obra, cada programa e cada serviço implantado têm um objetivo único: cuidar das pessoas. Estamos modernizando a rede, ampliando o acesso e garantindo atendimento mais humano”.
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* Reprodução de reportagem do portal Folha Vitória
* Fotos: Reprodução / FV
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