Vítima de Nicolás Maduro
Com asilo na Espanha, Edmundo González deixa Venezuela
Política Internacional

Tensão aumenta após debandada do ex-candidato González do território venezuelano no sábado (7/9). Perseguido politicamente pelo regime chavista, rival de Nicolás Maduro foi recebido ontem em Madrid, onde receberá asilo político
Opositor de Nicolás Maduro, Edmundo González Urrutia pediu asilo político à Espanha e deixou a Venezuela neste fim de semana. Segundo a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, o ex-candidato estava asilado na embaixada espanhola em Caracas, e o governo aceitou a saída dele em prol da “tranquilidade e da paz política no país”. O ministro das Relações Exteriores espanhol, José Manuel Albares, confirmou o aceite do pedido de asilo e afirmou que “o governo da Espanha está comprometido com os direitos políticos e a integridade física de todos os venezuelanos”.
González e sua esposa embarcaram na noite de sábado (7/9) em um avião da Força Aérea espanhola, pousando ontem (8) na base Torrejón de Ardoz, perto de Madrid, pouco depois das 11h (horário de Brasília). “Confio que em breve continuaremos a luta para alcançar a liberdade e a recuperação da democracia na Venezuela”, disse o ex-diplomata, em áudio divulgado por sua equipe após chegar ao país europeu.
A fuga ocorre dias após um mandado de prisão contra o ex-diplomata por crimes eleitorais, solicitado pelo Ministério Público (MP) e aceito pela Justiça venezuelana na última segunda-feira (2). Ele é acusado de publicar cópias de mais de 80% das atas de votação em um site, defendendo sua vitória com mais de 60% dos votos na eleição de 28 de julho. No entanto, o governo afirma que o material é repleto de inconsistências.
Segundo o MP, aliado ao presidente Nicolás Maduro, o pedido de prisão foi apresentado após González ignorar três intimações para prestar depoimento. O ex-diplomata, por sua vez, denunciou que o órgão estava atuando como um “acusador político” e argumentou que, caso comparecesse, seria submetido a um processo “sem garantias de independência”.
A líder da oposição, María Corina Machado, declarou que a saída do presidente eleito da Venezuela foi necessária para “preservar sua liberdade e sua vida em meio a uma brutal onda de repressão. “Sua vida corria perigo, e as crescentes ameaças, citações, mandados de prisão e, inclusive, tentativas de chantagem e coação de que foi objeto demonstram que o regime não tem escrúpulos nem limites em sua obsessão em silenciá-lo e tentar subjugá-lo”, publicou no X (antigo Twitter).

Maria Corina, maior expressão da oposição a Maduro
Horas depois, Corina anunciou que, “no dia 10 de janeiro de 2025, o presidente eleito Edmundo González Urrutia será empossado como presidente constitucional da Venezuela e comandante das Forças Armadas nacionais. Que isso fique bem claro: Edmundo lutará de fora junto à nossa diáspora, e eu continuarei fazendo isso aqui, ao lado de vocês”.
Ainda no domingo (8), o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, disse que a fuga de Urrutia representa o fim de “uma comédia”. “Eu diria que termina a breve temporada de uma peça humorística, de um gênero que eu poderia dizer de comédia, de teatro bufão”, ironizou Saab.
Apoio internacional
Desde a proclamação da vitória de Maduro, com 52% dos votos, ocorreram protestos em todo o país. Estados Unidos, União Europeia e nações da América Latina rejeitaram o resultado anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e pediram uma verificação dos votos, mas o CNE adia a entrega das atas, alegando que foi alvo de um ataque cibernético. O conselho afirma, porém, que a invasão hacker não pôde alterar os votos, que são protegidos por sistema analógico próprio.
No sábado, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, chamou González de “herói que a Espanha não vai abandonar”, durante reunião do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) em Madrid. Além dele, pronunciou-se o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, afirmando que “é um dia triste para a democracia na Venezuela” e ressaltando que, “na democracia, nenhum líder político deveria ser forçado a buscar asilo em outro país”. “A UE insiste que as autoridades venezuelanas acabem com a repressão, as detenções arbitrárias e o assédio contra membros da oposição e da sociedade civil, assim como libertem todos os presos políticos”, diz Borrell em comunicado.
Perseguição crescente

Rufo Chacon, obrigado a fugir da Venezuela
O venezuelano Rufo Chacon, 21 anos, vive atualmente na Espanha, em razão da opressão que sofria em seu país natal. Chacon afirma que Edmundo González conta com o apoio da população, “pois estava sendo perseguido por esse governo corrupto. Se o tivessem capturado, ele teria sido torturado e desaparecido como muitos venezuelanos”, diz.
O jovem teve de fugir da Venezuela com a mãe e a irmã, de 7 anos. “Queriam sumir comigo. Sou o sobrevivente que pode falar e mostrar ao mundo como o governo nos tortura. Me deixaram cego, ainda tenho 47 fragmentos de balas no rosto. Eles me perseguiram e tentaram matar minha mãe, pois ela denunciava cada ato de perseguição.”
Para Rufo, a esperança tem nome: María Corina Machado. “Uma mulher forte e honesta que tem estado à frente, lutando por nossa liberdade.” Enquanto ele e sua família não podem voltar à Venezuela, tentam viver com o mínimo no país europeu. “Foi muito difícil sair do meu país e vir à Espanha pedir asilo. Já faz um ano e um mês, e não posso estudar ou trabalhar. Minha mãe tenta trabalhar para nos sustentar. Espero que, em algum momento, haja uma resolução e que nos apoiem.”
Jose Vicente Carrasquero Aumaitre, professor de ciência política da Universidad Central de Venezuela (UCV), afirmou que a fuga de figuras como Edmundo Gonzalez revela que o regime de Maduro não consegue sustentar uma fachada democrática. “Apesar das tentativas de controlar o sistema eleitoral e manipular os resultados, roubar as eleições não terá sucesso a longo prazo. A comunidade internacional e a maioria do povo venezuelano já não o veem como um líder legítimo e a narrativa da fraude está cada vez mais consolidada”.
Uma venezuelana que não quis se identificar afirma ao jornal Correio: “O clima é de proteção contra a arquitetura do terror. Todos em seus nichos. Ativando redes com chaves, que surgem até com civilidade. Ele ainda não falou e acho que não falará”, referindo-se ao posicionamento de Maduro diante da fuga de González.
Palavra de especialista

Carolina Pedroso
“É a primeira vez que um candidato presidencial sai do país tão pouco tempo após a realização das eleições, porém outros políticos opositores (inclusive que estavam em prisão domiciliar) conseguiram sair do país ao longo dos últimos anos. Provavelmente a oposição seguirá pressionando enquanto o governo tende a cercar os espaços de atuação desse grupo. O governo de Maduro tem usado todos os mecanismos institucionais para garantir sua permanência no poder e o Judiciário tem sido um de seus aliados mais importantes”. Carolina Silva Pedroso, professora do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Linha do tempo
20/3- Venezuela emite ordem de prisão contra seis opositores
28/7- Venezuelanos vão às urnas eleger o presidente
29/7- Reeleição de Maduro é declarada. Ele expulsa o corpo diplomático da Argentina e mais seis países. Argentina pede ajuda ao Brasil
31/7- Ministério das Relações Exteriores do Brasil atende ao pedido, e afirma que irá assumir a custódia da embaixada da Argentina na Venezuela
1/8- Brasil assume diplomacia da Argentina em Caracas
6/9- Forças da Venezuela cercam Embaixada da Argentina e a luz do local é cortada
7/9- Venezuela revoga custódia do Brasil sobre a embaixada da Argentina
8/9- Edmundo González foge para a Espanha sob asilo, cinco dias após mandado de prisão pelo regime de Maduro
—————————————————————————————-
* Fonte: Correio Braziliense – Isabella Almeida + Marina Rodrigues
* Fotos: AFP / Arquivo Pessoal

Política Internacional
Lula chega a Nova York para participar da 80ª Assembleia Geral da ONU

Como é tradição desde 1955, o Brasil será o primeiro Estado-membro a discursar na abertura do Debate Geral
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou, no domingo (21/9), em Nova York (EUA) para participar da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas. As agendas oficiais ocorrem nesta segunda (22/9) até quarta-feira (24/9). Lula está acompanhado de Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, e de uma comitiva com outros ministros e especialistas do governo brasileiro.
Como é tradição desde 1955, o Brasil será o primeiro Estado-membro a discursar na abertura do Debate Geral. Lula vai falar na terça-feira (23/9), logo após as falas do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e da presidente da 80ª Assembleia Geral, Annalena Baerbock, da Alemanha. A abertura é considerada uma oportunidade para apresentar à comunidade internacional as prioridades da política externa do país.
O tema da 80ª sessão da ONU é “Melhor Juntos: 80 Anos e mais para paz, desenvolvimento e direitos humanos”. Lula terá encontros com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e com chefes de Estado e de governo de outras nações.
O diretor do Departamento de Organismos Internacionais do Ministério das Relações Exteriores, Marcelo Marotta Viegas, disse que “o Brasil espera que a conferência sirva de oportunidade para que mais países reconheçam o Estado Palestino, juntando-se aos mais de 147 países que já o fizeram. Na perspectiva brasileira, a paz sustentável só pode ser alcançada na região se ambas as partes puderem negociar em igualdade de condições, o que inclui a capacidade estatal da Palestina”, disse.
Na quarta, Lula copresidirá, ao lado do presidente do Chile, Gabriel Boric, e do presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, a segunda edição do evento “Em Defesa da Democracia”. A iniciativa reúne líderes de todas as regiões do mundo para fortalecer o multilateralismo, o Estado de Direito e a cooperação contra o extremismo, a desinformação, o discurso de ódio e o enfraquecimento das instituições democráticas.
Protesto
Um grupo de cerca de 20 manifestantes brasileiros se mobilizou para criticar o presidente Lula durante a chegada a Nova York. Eles gritaram palavras de apoio ao presidente norte-americano Donald Trump e ofensas a Lula e a primeira-dama Janja. O Serviço Secreto dos Estados Unidos, responsável pela segurança das delegações na ONU, afastou os manifestantes.
Lula e Janja estão hospedados na residência oficial do Brasil, onde mora o representante permanente do Brasil perante a ONU, embaixador Sérgio Danese. Esta é a primeira viagem de Lula aos Estados Unidos em meio a crise com o governo Trump.
Agenda do presidente Lula nesta segunda:
- 11h- Audiência com o Diretor-Executivo da TikTok, Shou Zi Chew
- 15h- Conferência Internacional de Alto Nível para a Solução Pacífica da Questão da Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados
- 18h- Encontro com o Rei Carl XIV Gustaf e a Rainha Sílvia do Reino da Suécia
—————————————————————
* Informações da Agência Estado
* Foto/Destaque: Crédito – Ricardo Stuckert / PR
-
SAÚDE6 dias atrás
Hipertensão: por que a pressão ’12 por 8′ passou a ser considerada alta por médicos
-
POLÍTICA & GOVERNO5 dias atrás
Nova embarcação entra em operação e amplia capacidade do Sistema Aquaviário
-
ESPORTES5 dias atrás
Acontece neste sábado (20), em Vila Velha, o maior evento de MMA da América Latina
-
Política5 dias atrás
Em novembro a União de Vereadores do Brasil realizará encontro em Conceição da Barra
-
Esportes / Futebol5 dias atrás
Fluminense com time misto bate o Vitória no Campeonato Brasileiro
-
Evento Esportivo4 dias atrás
Luna Hardman fecha com chave de ouro o ArcelorMittal Wahine Bodyboarding Pro
-
Esportes / Futebol3 dias atrás
Flamengo e Vasco empatam em 1 a 1 no Maracanã
-
BRASIL2 dias atrás
Acusado de mentir, empresário sai preso da CPMI do INSS