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Educação / Polêmica

Carga horária e aula de espanhol são pontos de divergência da reforma do ensino médio

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Brasil / Educação

Itens do substituto do Senado ao PL enfrentarão dificuldades entre os deputados para que permaneçam como estão. Tendência na Câmara é de que restabelecido o texto original

Brasília – DF

A carga horária das disciplinas da Formação Geral Básica e a obrigatoriedade do ensino do espanhol tornaram-se os principais pontos de divergência na discussão da reforma do ensino médio no Congresso. O texto aprovado pelo Senado por votação simbólica, na quarta-feira passada — que tem total apoio na Casa e, até mesmo, de setores do movimento estudantil —, deve ser rejeitado pelos deputados, que pretendem restaurar a proposta da Câmara.

O substitutivo elaborado pela senadora Professora Dorinha Seabra (União-TO) ao Projeto de Lei (PL) 5.230/23, define 2,4 mil horas para as disciplinas básicas e a obrigatoriedade do ensino do espanhol. Ao Correio, representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE) e União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) consideraram que o texto aprovado pelos senadores contém avanços. Afirmaram também que pressionarão a Câmara para que não haja mudança nos dois itens.

“Esse debate da mudança de carga horária da formação geral básica foi uma das principais reivindicações desde o início. Quando ocorreu a primeira reforma do ensino médio, em 2017, tivemos uma diminuição na carga horária de disciplinas básicas. Essa passou a ser uma das principais críticas”, explica Raquel Dias, professora da Universidade Estadual do Ceará e primeira vice-presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes).

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Também aprovada em votação simbólica, o texto da Câmara previa 2,1 mil horas para a formação geral básica no ensino médio profissionalizante e 2,4 mil para o ensino regular. “O texto do Senado praticamente inviabiliza a educação profissionalizante. Quando impõe uma formação geral básica de 2,4 mil horas, restam apenas 600 horas, o que é impraticável para ofertar a educação técnica integrada ao nível médio. Vou defender o texto da Câmara”, adianta o relator do PL na Casa, deputado Mendonça Filho (União-PE), ex-ministro da Educação e cuja gestão foi implementado o Novo Ensino Médio, no governo Michel Temer.

Língua estrangeira

Segundo o deputado Rafael Brito (MDB-AL), que preside a Frente Parlamentar Mista de Educação, a tendência é de que o texto retorne ao elaborado na Câmara. Para ele, a defesa de mais horas para o ensino técnico é necessária, mas a obrigatoriedade do espanhol resultaria em menos tempo para o ensino de português, pois o inglês é a segunda língua obrigatória.

Raquel, porém, destaca a importância do espanhol, falado em quase todo o continente americano. “O Brasil, como o maior país da América Latina e o de maior influência, inclusive, política e econômica, deveria ter como língua principal, depois da língua nativa, o espanhol. É a língua do nosso continente, não é o inglês”, ressalta.

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A organização não governamental Todos Pela Educação defende o texto da Câmara. “Na proposta aprovada, a partir de 2029 a carga horária mínima da Formação Geral Básica será de 2.400 horas para todos, e não haverá a possibilidade de aproveitamento de horas para a formação técnica e profissional. Sendo assim, para quem cursa o itinerário técnico, a carga horária total do ensino médio será de 3,2 mil, 3,4 mil ou 3,6 mil horas (dependendo se o curso técnico for de 800, mil ou 1,2 mil horas)”, salienta.

A entidade também é contrária à compulsoriedade do espanhol. “O Todos Pela Educação não é contrário ao ensino da língua espanhola nas escolas, porém, defende que não haja obrigatoriedade. Os estados precisam ter autonomia para decidir sobre a oferta desse componente, considerando as necessidades e possibilidades locais de ofertar uma segunda língua estrangeira”, argumenta.

O MEC informou que tem “mantido permanente diálogo” com os relatores das duas Casas do Congresso. Porém, considerou como “pontos positivos” do relatório do Senado a “manutenção das 2,4 mil horas para formação geral básica e o fortalecimento da formação técnica de nível médio”.

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* Fonte: Correio Braziliense / Mayara Souto

* Foto: Wilson Dias / Agência Brasil

 

 

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Brasil / Educação

Pressão para o avanço da PEC do acúmulo de cargo

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Docentes buscam, via emenda constitucional, possibilidade de trabalhar em outra função pública que não seja ligada à educação

Por Maria Beatriz Giusti* 

Brasília / DF

Professores de todo o Brasil se mobilizam para destravar a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 169/2019, que permite que profissionais da educação acumulem cargos de docência com outro de qualquer natureza no serviço público. O principal argumento é que, uma vez regulamentada a possibilidade de ocupar postos distintos no funcionalismo, diminuirá a migração de professores qualificados para funções fora do sistema educacional.

A matéria está no Congresso desde 2019. De autoria do deputado Capitão Alberto Neto (PL-AM), a PEC propõe “a alteração do dispositivo constitucional que exige o cargo técnico ou científico, de forma a se exigir apenas que um dos cargos seja de professor e o outro de qualquer natureza.” A Constituição permite que os professores tenham duas matrículas no serviço públicos — pode ocupar duas funções docentes ou ter uma delas de caráter técnico ou científico.

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“Essa demora (na tramitação da PEC) revela a total falta de respeito e consideração dos parlamentares com a educação e com os profissionais que a sustentam. É injustificável que um tema tão relevante fique preso a um processo moroso. Por que a educação sempre fica em último plano?”, lamenta a professora Marcileide Pimenta, presidente da Comissão em Prol da Aprovação da PEC 169/19.

Sem resposta

Segundo Marcileide, desde 2019 “aguardamos ansiosamente por uma resposta concreta, mas, até o momento, apenas cinco deputados federais fizeram requerimento solicitando que a PEC seja votada. Além de a proposta não avançar, a maioria dos deputados nem sequer dialoga conosco”.

Segundo a professora, a aprovação da PEC trará segurança jurídica para que professores possam acumular o cargo de professor com outro de qualquer natureza, sem precisar recorrer à Justiça. “Hoje, muitos professores são impedidos de acumular cargos, mesmo quando as cargas horárias são compatíveis. Com a aprovação da PEC, haverá mais interesse na carreira docente, mais profissionais qualificados, maior número de aprovados em concursos e mais professores atuando”, argumenta.

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O Instituto Semesp estima que, até 2040, o Brasil terá um déficit de 250 mil professores na educação básica, devido aos baixos salários e condições precárias de trabalho. Desde a aprovação do texto da PEC na comissão especial, em março do ano passado, deputados entraram com requerimento para inclusão da matéria na ordem do dia — o último foi apresentado pelo deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), em fevereiro.

A relatora da PEC, deputada Maria Rosas (Republicanos-SP), salienta que “uma vez tendo a devida qualificação, compete a ele, profissional, escolher se quer trabalhar 20 horas, 40 horas ou 60 horas. O texto apresentado não está falando da dedicação exclusiva, não está voltado apenas para o ensino superior. Pelo contrário: a PEC abrange todo o exercício do magistério, em toda a sua amplitude”, salienta.

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* Informações Correio Braziliense

* Foto/destaque: Wilson Dias – Agência Brasil

 

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