Talento Literário
Carla Marques, escritora
CULTURA & ENTRETENIMENTO
Por Paulo Borges
Ela é jovem, tem 35 anos, mas tem a experiência de quem viveu realidades difíceis, sofridas. Sua trajetória até aqui dá um filme com início intrigante, porém, com final feliz.
Seu nome é Carla Marques, professora particular e escritora. É paulistana, não esconde que veio de um bairro de periferia em São Paulo, conhecido como “o bairro mais perigoso da cidade”, o Capão Redondo, onde “o perigo lá era tão constante que chegava ao ponto de ser assaltada 3 a 4 vezes por semana”, relata com a tranquilidade de um passado-passado. Não conheceu o pai, tem irmãos de dois relacionamentos de sua mãe, que é estrangeira da Guiana Inglesa.
Em busca de novos ares, fugindo de uma realidade que não queria mais para sua vida, resolveu se mudar, em 2014, para Poços de Caldas, Minas Gerais. “Mas acabei não me encontrando lá, sentindo então a necessidade de uma nova mudança”.
Em 2016 buscou no Google, quais eram as cidades com melhor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), e Vitória estava em 3º lugar. ”Escolhi Vitória, também porque era a cidade que tinha praia”.
E a capital capixaba foi aonde diz que se encontrou. “Por aqui tive a paz e a agitação que precisava, tudo na sua dose correta”, disse, acrescentando que conheceu o seu marido belga com quem está junto há quatro anos. Tem um enteado, o Lucas. “Não pensamos em ter filhos”.
Seu dia-a-dia é movimentado, depois de lecionar em várias escolas particulares resolveu largar a escola e trabalhar por conta própria, uma opção que tem dado certo.

“Tenho uma alta demanda de aulas particulares, não é muito fácil encontrar janelas em minha agenda. Trabalho todas as matérias do ensino infantil ao fundamental. Faço acompanhamento escolar, reforço escolar e alfabetização”.
Sua vida “oficial” de escritora surgiu no período mais agudo da pandemia. Pelo fato de ser professora “fiquei imaginando em como as crianças se sentiriam ao passar por essa experiência”, então, veio a inspiração e o desejo surgindo o livro “Coelha Joana e o Terrível Furacão”, que “fala sobre o medo, o medo do retorno à vida, ao novo normal, ao medo do furacão reaparecer”, explica Carla Marques. E acrescenta que “no livro trato com muito carinho a importância da família no processo de cura da criança”.
O livro “Coelha Joana e o Terrível Furacão”, foi escrito em 2020, mas somente em julho de 2022 foi lançado. A irmã Anatasha foi a responsável pelas ilustrações do livro.
E a professora-escritora, Carla Marques, não quer parar por aí. Depois desse seu primeiro livro, está iniciando uma nova obra literária e esse projeto já tem nome de capa: “Estela sai da Tela”. Ela explica que seria um livro inspirado na atualidade e como a tela pode ser prejudicial as nossas crianças. “Ainda estou trabalhando nele, mas espero que até o final do ano ele esteja pronto”.
Confira o que mais essa escritora paulistana, que escolheu Vitória para muitas vitórias conquistar em sua vida:
Pauta 1 – Você falou de você, de sua família. Você fala que saiu de sua cidade para buscar o que exatamente? Era fuga? O que desejava encontrar, afinal?
Saí da minha cidade, a princípio, em busca de novas aventuras, a ideia era morar em cada cidade do país um pouco, assim eu iria conhecer a cultura do local mais profundamente. Inicialmente pensei em ficar 1 ano em cada lugar. Como sou professora, imaginei que para mim não faltaria emprego além de, claro, fugir sim, da loucura que é São Paulo. Mas nem tudo é como imaginamos, quando cheguei em Minas fiquei quase meio ano sem trabalhar, quando finalmente consegui, era de balconista em uma padaria, até que finalmente no ano seguinte consegui trabalhar como professora na Prefeitura de Poços de Caldas. Ao completar o período de um ano trabalhado em Minas, me preparei para ir à próxima cidade. Gostei muito da ideia de vir para Vitória, pois era o terceiro no ranking de melhores cidades para se viver. Esse lugar é tão bom que acabei deixando o meu plano de viver em cada canto do Brasil e criar raízes aqui. E por aqui já estou há quase 8 anos. Não desisti de conhecer o nosso país maravilhoso, mas agora como capixaba postiça de raiz, só vou para outros lugares de passagem e não para morar.
Quando surgiu a ideia de se enveredar pela literatura? Antes de lançar seu primeiro livro, já havia escrito alguma coisa? Um diário, por exemplo.
Essa ideia de escrever um livro surgiu com a vontade de ajudar as crianças de alguma maneira. Eu quis mostrar o quanto foi difícil para elas, o momento da pandemia. Meu livro Coelha Joana e o Terrível Furacão, não fala especificamente da Covid-19, ela usa o furacão como o problema que devasta as nossas vidas, que quase nos pega e nos deixa aterrorizados. Ele lembra que não são somente os adultos que sentem o efeito pós-pandemia, mas as crianças sentem também. Até hoje muitas delas sofrem o efeito colateral de ter vivido isolado, e elas sofrem com os medos que tanto os adultos quanto as mídias passaram para elas. O livro reforça que é normal sentir medo e que este medo deve ser tratado com o olhar carinhoso da família, que irá ajuda a criança a superar os conflitos.
Quando adolescente, escrevia poesias sobre os meus pesares, mas essas poesias não desejei compartilhar com o mundo.
Como era a sua rotina para escrever o seu primeiro livro? Escrevia diariamente?
Estávamos na pandemia, então eu tinha bastante tempo livre, na verdade essa história ela veio de uma vez, de supetão ela saiu de mim, e depois só fui moldando e adequando para as crianças
Quanto tempo levou escrevendo o livro Coelha Joana e o Terrível Furacão?
Eu levei menos de uma semana para escrever. O que demorou mais foi a ilustração, essa parte demorou pouco mais de um ano.
Como divulga comercialmente o seu livro?
Instagram no @prof.carlamarques, no TikTok @carlamarques180, em todos o e-commerce: Dialética, Carrefour, Skeelo, Amazon, Magazine Luiza e muito mais, além de participar de eventos criados por mim, ou grupos literários.
Como define seu estilo? E qual seu estilo literário, sua predileção de leitura que lhe dá prazer de procurar um livro para ler?
O meu estilo é literatura infantil voltada aos medos infantis. Inclusive, o meu próximo livro “Estela, sai da tela” será sobre o medo e ansiedade da criança por causa da alta exposição à tela.
Eu gosto de livros didáticos (É estranho, eu sei), e gosto muito de ler mangás.
Tem alguma admiração por algum escritor, algum que lhe inspira?
Sim, como sou professora, eu tenho paixão por livros infantis, amo Ruth Rocha, Ana Maria Machado, Eva Furnari e Tatiana Belinky
Curte música, esportes, torce para algum time? Gosta de política?
Gosto de MPB, pop, rock, sou bem eclética. Já no esporte eu não sou muito fã, então não tenho time. Não gosto de política, mas tenho interesse em saber o que está acontecendo, é importante a gente ficar atento aos nossos representantes.
Um sonho?
Meu sonho é que meu livro consiga alcançar as crianças de maneira positiva e possa auxiliar no desenvolvimento delas, ajudando-as a lidar com os medos da vida. Sempre teremos medo de algo, o importante é conseguir lidar com isso e saber que não estamos sozinhos.
Além do Português, fala outro idioma?
Sim, falo Espanhol e Inglês.
Conhece outro país?
Sim, já fui para a Bélgica, Espanha e Caribe
Gosta de Vitória? Como define o capixaba?
Sim, gosto muito. Os capixabas que conheci aqui, se apresentaram como pessoas com o sangue quente. São pessoas que dizem na sua cara o que querem ou não querem, são pessoas que se doam, dividem a marmita delas, fazem vaquinha para ajudar o outro, sem sequer o outro pedir. É um povo maravilhoso.
Algum conselho para quem deseja começar a escrever o seu primeiro livro?
Tenha para si que não é tão fácil quanto aparenta. A maior dificuldade não está na criação do livro, mas sim na venda, ainda mais se você não tiver tantos recursos para a divulgação. Se preocupe bastante com a capa e o título. Se apoie e dê apoio aos outros escritores da sua região, desta união saem frutos maravilhosos.

• Fotos: Divulgação
CULTURA & ENTRETENIMENTO
Teatro Carlos Gomes será reaberto com show de Silva no dia 22 de novembro
Espaço tradicional da cultura capixaba está fechado há oito anos para obras de revitalização
Por Enzo Bicalho Assis* – Vitória / ES
O Teatro Carlos Gomes, no Centro de Vitória, tem data para ser reaberto. A reinauguração de um dos espaços mais tradicionais da cultura do Estado está marcada para o próximo dia 22 de novembro, às 16h, com show do capixaba Silva e apresentação da Orquestra Sinfônica do Espírito Santo.
Após oito anos fechado, o espaço cultural voltará a receber público. A data foi anunciada pelas redes sociais do governador Renato Casagrande, em conjunto com o vice-governador Ricardo Ferraço e o secretário estadual de Cultura, Fabricio Noronha.

A apresentação do cantor capixaba será feita ao ar livre, na frente do teatro, que ficará aberto para visitação do público.
Inicialmente, a previsão de reabertura do espaço era para dezembro deste ano. No entanto, esse prazo já havia sido antecipado na última semana para que o local voltasse a receber público a partir da segunda quinzena de novembro.
Nesta segunda-feira (27), o governador Renato Casagrande anunciou a data de reabertura do Carlos Gomes, localizado na Praça Costa Pereira.
“O Teatro Carlos Gomes está de volta restaurado, moderno e pronto para viver novos aplausos”, escreveu o governador nas redes sociais.
Teatro Carlos Gomes está há oito anos fechado
Um dos cartões postais de Vitória, o Teatro Carlos Gomes está fechado e passa por reformas desde 2017, quando completou 90 anos.
O teatro passou por obras de revitalização no telhado, climatização e parte cênica, além do restauro do lustre principal e da pintura do teto. Agora, o Carlos Gomes comportará 450 pessoas e conta com sonorização e climatização modernas, acessibilidade plena e equipamentos de segurança para prevenção e combate a incêndios.
A cor original do teatro também foi recuperada. O amarelo que antes marcava o prédio deu lugar ao tom camurça, uma tonalidade que fica entre o cinza e o bege. A cor do teatro foi escolhida após um processo de pesquisa científica, reforçando a memória histórica de Vitória.
As obras são realizadas a partir de um acordo entre o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura (Secult), e o Modus Vivendi.
O projeto, intitulado “Resgatando a História”, conta com investimento total de R$ 20 milhões, sendo R$ 10 milhões de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e R$ 10 milhões da EDP, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
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* Folha Vitória – Conteúdo
* Foto/Destaque: Crédito – Thiago Soares / FV
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