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Descaso Municipal

De volta ao passado: Essa é a realidade dos alunos e professores de São Mateus que retornaram às aulas deste ano letivo

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CIDADES

São Mateus – ES

Por Paulo Borges *

Os alunos e profissionais da Educação que retornaram às aulas e as atividades das escolas do município de São Mateus, não ficaram surpresos com o que encontraram. Até porque, o descaso, o abandono e a precariedade dos estabelecimentos da rede pública municipal de São Mateus são recorrentes e já haviam vivido todo esse drama ano passado e nos últimos sete anos.

As escolas, na sua maioria, continuam com os pátios cheios de mato, as dependências necessitando de limpeza e pintura, janelas e portas convites para entrada de vândalos e ventiladores quebrados, os que funcionam nem um sopro para amenizar um pouco o forte calor nas salas.

Existem salas em que, para se ligar um desses ventiladores, se faz necessário juntar um fio no outro para fazê-los funcionar. Um perigo.

Mas nada disso sensibiliza a administração pública do município. Não basta a dedicação dos professores, diretores (alguns) e de outros profissionais que trabalham nas escolas para mudar essa realidade. Se esforçam, mas não veem reciprocidade da secretária da Educação e muito menos do chefe do Executivo, prefeito Daniel Santana (sem partido). A motivação não existe, mas os mestres e os funcionários das escolas se desdobram para cumprir, com profissionalismo e responsabilidade o compromisso do sagrado dever de passarem conhecimento para seus alunos, futuro desta nação e, principalmente, do município de São Mateus.

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Um fato emblemático que expõe a característica e a marca dessa administração, é a verba que foi destinada e depositada em conta da municipalidade pelo Governo do Estado, em 2021, para reforma da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Dora Arnizaut Silvares e nada foi feito. Os recursos, da ordem de R$ 5.400.000,00 na linguagem do povo “tomou doril e sumiu”. Eram para melhorar as condições de funcionamento digno do conhecido Caic, escola localizada no bairro Santo Antônio. O presidente da Câmara, Paulo Fundão (PP), tem cobrado insistentemente a reforma dessa escola à secretária de Educação Marília Silveira e o prefeito Daniel Santana e eles fazem “ouvidos moucos” ou “de mercador”, não dando nenhuma resposta ou satisfação à sociedade mateense. Desconfia-se que esses recursos não mais existem e supostamente podem ter tomado outro destino.

Os vereadores de oposição têm feito várias denúncias e os da situação tentam tapar o sol com a peneira, se omitem e demonstram receio em “desagradar o chefe”. E ainda tentam defender o que parece, aos olhos da população, o indefensável.

O curioso nesse debate que tem ocorrido nas sessões da Câmara, é alguns vereadores, desconhecendo o verdadeiro papel do legislador, cobrarem dos colegas da oposição que resolvam esses problemas, como se não fosse o papel constitucional do Executivo. Vale lembrar que o ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Carlos Gratz, usou verba para asfaltar ruas num bairro de Vila Velha e teve seríssimos problemas que foi um dos fatores que desencadearam o seu “inferno astral”.

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Para pais, mestres, alunos e a população em geral que acompanha e sofre na pele e no seu dia-a-dia, quando procura os serviços básicos da Prefeitura e trafegam pelas ruas e avenidas da cidade de São Mateus, recheadas de crateras e mato a atual administração do prefeito Daniel Santana foi a pior que o município e seu povo testemunhou. “O pesadelo precisa ter fim”, disse “ainda” esperançoso o morador do bairro São Pedro, Juscelino Damasceno da Cruz Viana. “Só não podemos trocar esse cara por outro do mesmo nível, já que pior é impossível”, completou. “E é preciso saber escolher melhor os vereadores porque tem uma meia dúzia ali que é um pé no saco”, finalizou.

Por parte da Prefeitura de São Mateus, não obtivemos qualquer resposta a esse cenário relacionado à Educação.

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* Colaboração Pablo Senna – Correspondente do Pauta1

* Foto: Arquivo Pauta1

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CIDADES

Prainha, Porto das Lanchas e Largo da Conceição: a história preservada no Arquivo Municipal

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Por Edlamara Conti* – Vitória / ES

Quantos capixabas sabem onde ficam a Prainha, o Porto das Lanchas e o Largo da Conceição? Esses foram os primeiros nomes da Praça Costa Pereira, um dos principais sítios históricos de Vitória. Do tempo em que era a antiga Prainha, no período colonial; recebendo aterros e práticas religiosas no final do século XIX; passando pela modernização, como centro da vida cultural e econômica no século XX; até a configuração atual, a praça sintetiza mais de dois séculos de transformações urbanas e sociais da capital.

Esses fatos marcantes da história estão registrados em documentos, como ordens de serviço e contratações, fotografias e projetos arquitetônicos, que integram o acervo do Arquivo Público Municipal. A coleção apresenta croquis da reforma da Praça Costa Pereira na década de 1920, pelo paisagista Paulo Rodrigues Teixeira da Motta, fotos do antigo Theatro Melpômene e da construção do Theatro Carlos Gomes – ícones da cultura capixaba da época.

Da Prainha ao Largo da Conceição

No século XVIII, na área onde, atualmente, fica a Praça Costa Pereira, havia uma pequena enseada, conhecida como Prainha. Pequenos barcos de pesca e de outras mercadorias atracavam no local, que também era conhecido como Porto das Lanchas.

Em 1755, foi construída a Igreja Nossa Senhora da Conceição da Prainha e o pátio da frente deu origem ao Largo da Conceição. Naquela Villa de Victoria, colonial, o largo tornou-se o espaço de convivência e religiosidade, que reunia pescadores, moradores humildes e escravizados em procissões, folias, atividades circenses e brincadeiras infantis.

Acontece que a antiga Prainha recebia as águas da Fonte Grande e de outras nascentes do Centro. Nas marés cheias, o Largo e todo o entorno eram sujeitos a alagamentos, de forma que pequenos aterros já eram feitos para conter as ‘invasões’.

No governo de Muniz Freire (1892-1896), o Largo da Conceição foi ampliado, recebeu aterro e foi transformado em um jardim urbano. Com o advento da República, surgem novos planos para a cidade e a igreja de Nossa Senhora da Conceição foi demolida, em 1895, para a construção do Theatro Melpômene.

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Coração cultural e econômico

O Theatro Melpômene, inaugurado em 1896, destacava-se por sua arquitetura – todo construído em madeira – e representou o início da modernização urbana de Vitória. Foi o primeiro a sediar uma sessão pública de cinema na capital. Neste mesmo ano, o espaço popular recebeu o nome de Largo Costa Pereira e se transformou no coração da vida cultural, voltada para a elite.

O espaço oferecia pequenos espetáculos, cafés, jogos e reunia personagens da política e pessoas das classes mais abastadas. Em 1922, um projeto do paisagista Paulo Motta reformulou o jardim, que recebeu árvores, coreto, canteiros e iluminação, e passou a representar o novo espírito que se pretendia imprimir à capital capixaba: próspera, bonita e moderna.

A reforma foi conduzida pelo engenheiro Moacir Avidos, filho do governador Florentino Avidos. O jardim passou a se chamar Praça da Independência, em homenagem ao centenário da Proclamação, por Dom Pedro I.

Planta de Vitória por Andre Carloni, mostrabndo a Prainha. Data> 1885

Planta de Vitória por Andre Carloni, mostrabndo a Prainha. Data> 1885 – Arquivo Público Municipal

Foi durante a exibição de um filme, em 1924, que ocorreu um incêndio no Theatro Melpômene, causando mortes e dezenas de pessoas feridas. O Theatro foi demolido para a abertura da Rua do Reguinho, atual Rua Sete de Setembro. A vocação cultural da região foi confirmada com a construção do Theatro Carlos Gomes, pelo arquiteto italiano André Carloni. O novo teatro foi inaugurado em 1927.

Novas intervenções foram feitas na praça, que foi ampliada. Passados esses anos, o nome Praça da Independência ainda não era popular. Então, em 1928, o governador Florentino Avidos deu ao espaço o nome atual: Praça Costa Pereira.

Cultura, arquitetura e footing

Nos anos 1930, a praça se consolidou como ponto de encontro da sociedade capixaba. Era o local perfeito para a prática do footing – caminhadas leves feitas pelos jovens, muitas vezes com o intuito de paquerar, de encontrar um par. As famílias moradoras do Centro “desfilavam”, passeavam, contemplavam, namoravam, faziam compras e se recreavam na praça adornada.

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O Theatro Glória, inaugurado em 1932, se destacou no cenário. A vida cultural fluía naquele espaço, com eventos carnavalescos, com apresentações da Banda da Polícia Militar. A cidade crescia rapidamente e, a esta altura, a praça já era servida pelo bonde. A arquitetura eclética das construções ao redor, como o Hotel Europa (1928), o Banco Hipotecário, contribuíam para criar o ambiente de imponência e sofisticação do local.

A construção do Edifício Antenor Guimarães, em 1936, é um marco da verticalização do entorno da praça. Com sete pavimentos, todo em concreto armado, o prédio apresenta elementos da arquitetura moderna. Logo depois vieram edificações modernas, como o Edifício do Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Industriários (IAPI), seguido do edifício Palácio do Café, com a sede do Clube Álvares Cabral, na década de 1950.

Quiosque da Praça da Independência. Década de 1920

Quiosque da Praça da Independência. Década de 1920

Os teatros, os edifícios históricos e a movimentação de moradores e de clientes do comércio e dos serviços do entorno continuam a contar a história de uma cidade em constante movimento. Novos projetos paisagísticos foram realizados e as transformações sociais e econômicas do entorno refletem novas dinâmicas urbanas. A atual Praça Costa Pereira, com seus usos populares, mantém-se como espaço de convivência e cultura e em seu entorno estão importantes monumentos históricos.

Quem foi Costa Pereira?

José Fernandes da Costa Pereira (1833-1889) foi presidente (corresponde ao cargo de governador, atualmente) da Província do Espírito Santo de 1861 a 1863, tendo presidido as províncias do Ceará, São Paulo e do Rio Grande do Sul. Foi conselheiro do Império e foi ele quem garantiu verbas para a colonização germânica e italiana em solo capixaba, impactando diretamente na fundação de Santa Isabel, Santa Teresa, Alfredo Chaves e Rio Novo. Foi abolicionista e é patrono da cadeira nº 7 da Academia Espírito-Santense de Letras.

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* Prefeitura de Vitória / Comunicação – Conteúdo

* Fotos: Arquivo Público Municipal

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