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Cultura e Tradição

Iniciadas as obras de restauração e modernização do Theatro Carlos Gomes

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CULTURA & ENTRETENIMENTO

Vitória / ES

Na manhã desta quinta-feira (15), o Governo do Estado deu início às obras de restauro e modernização do Theatro Carlos Gomes, localizado no Centro de Vitória, que passará por um criterioso trabalho de restauração, transformando-se em um espaço moderno e confortável, ao mesmo tempo preservando suas características arquitetônicas e históricas.

Durante a cerimônia, que contou com o concerto de um quarteto de cordas formado por músicos da Orquestra Sinfônica do Espírito Santo (Oses), foi realizada ainda uma coletiva de imprensa para apresentação do projeto, que contempla intervenções nas instalações civis, cenotécnicas e de acessibilidade, entre outras, além de melhorias estéticas e de uso.

Além de seu valor histórico e arquitetônico, o Theatro Carlos Gomes carrega em sua memória uma programação repleta de eventos culturais que marcaram o imaginário da população, como importantes festivais e apresentações da Oses, entre muitos outros. Seus espetáculos constituem a identidade cultural do capixaba e sua permanência é fundamental à continuidade das políticas públicas culturais do Governo do Espírito Santo.

“Todos nós já frequentamos o Theatro Carlos Gomes. O espaço está fechado há mais de cinco anos. Quando chegamos ao Governo do Estado em 2019, o teatro já estava fechado. Então nós fizemos todos os levantamentos e realizamos o trabalho necessário para que hoje pudéssemos iniciar essa obra. Queremos movimentar a região do Centro de Vitória, gerando oportunidades para a população que vive aqui.  É um local que ficará aberto permanentemente e dará dinamismo para essa região”, pontuou o governador do Estado, Renato Casagrande, que conduziu a solenidade.

Com previsão de duração de 30 meses, as obras são realizadas a partir de um acordo de cooperação entre o Governo do Estado, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), e o Instituto Modus Vivendi, por meio da iniciativa Resgatando a História, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da EDP Brasil. O valor total investido é de R$ 20 milhões – sendo R$ 10 milhões provenientes do BNDES e R$ 10 milhões da EDP.

“Quando chegamos, em 2019, encontramos o teatro em péssimas condições, com suas estruturas degradadas, problemas no sistema elétrico, colocando em risco as equipes e o próprio público. Naquele momento demos início a um processo de restauro profundo, e não apenas mais uma manutenção pontual. Toda a complexidade desse trabalho demandou muito cuidado e, inevitavelmente, tempo para um criterioso levantamento. Em junho de 2020, contratamos o projeto arquitetônico, que ficou pronto no ano seguinte e baliza todo esse trabalho daqui para frente”, destacou o secretário de Estado da Cultura, Fabricio Noronha.

A presidente do Instituto Modus Vivendi, Erika Kunkel, ressaltou a importância do edital “Resgatando a História”, que está viabilizando a restauração de importantes bens culturais no Espírito Santo. “Em dois anos, [o edital] já fechou um aporte de R$ 35 milhões para a cultura capixaba, com outras iniciativas, além desse suporte maravilhoso para o teatro, que voltará a ser o principal palco do Estado, com um papel importante tanto para a cultura quanto para o turismo. O Theatro Carlos Gomes é um importante monumento, que faz parte da nossa memória afetiva. Temos muito apreço e um amor incondicional por esse patrimônio”, afirmou.

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Também estiveram presentes no evento, a primeira-dama do Estado, Maria Virgínia Casagrande; o vice-governador Ricardo Ferraço; o diretor presidente da EDP Brasil, João Manuel Veríssimo Marques da Cruz; a superintendente da área de Desenvolvimento Social do BNDES, Ana Cristina Costa; a deputada estadual Iriny Lopes; os secretários de Estado, Bruno Lamas (Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional) e Jacqueline Moraes (Mulheres); além de representantes da área cultural e lideranças da região.

Obras

Após passar por projetos e estudos técnicos, as obras para restauro e readequação do Theatro Carlos Gomes, inaugurado em janeiro de 1927 e fechado desde dezembro de 2017, serão realizadas por etapas. Elas começarão com a recuperação do telhado para a proteção do monumento. Em seguida, terão início às obras civis e projetos complementares como climatização, novas instalações elétricas, instalação de equipamentos de segurança para prevenção e combate a incêndios e SPDA.

Serão restaurados os elementos arquitetônicos e ornamentais, bem como as pinturas artísticas e os lustres históricos. Esse projeto seguirá o conceito do Instituto Modus Vivendi de preservar ao máximo a originalidade do monumento e a memória afetiva da sociedade em relação a ele.

Estão previstos ainda investimentos em modernos recursos tecnológicos e um confortável e elegante café no foyer, que funcionará diariamente. As instalações receberão também novos camarins, salas administrativas e banheiros acessíveis, além de elevador para acesso a todos os andares do prédio. Outro destaque é o restauro da antiga bilheteria do teatro. Além disso, o projeto inclui o estímulo às visitas guiadas de estudantes e outros públicos.

Histórico

A história do Theatro Carlos Gomes remonta ao Teatro Melpômene, inaugurado em 1896. Com capacidade para 400 pessoas, foi a maior e mais importante casa de espetáculos do Espírito Santo à época. Contudo, essa condição não o salvou de um princípio de incêndio, ocorrido durante uma sessão noturna.

Esse incidente deve ter estimulado os planos do então presidente de Estado, Florentino Avidos, implementados com o projeto de alargamento e ajardinamento da Praça Costa Pereira, aberta no ano do Centenário da Independência, após a demolição do Melpômene.

Nesse contexto de mudanças, o construtor e projetista André Carloni obteve auxílio do Governo do Estado, na forma de doação do terreno e empréstimo monetário, e da Prefeitura Municipal, na forma de isenção de imposto predial, para erguer o Theatro Carlos Gomes.

Projetado em 1925, foi construído entre 1925 e 1927. Em sua construção, modernamente executada com o uso de cimento armado, Carloni aproveitou peças retiradas da demolição do Melpômene, como as colunas de ferro fundido que sustentavam os camarotes. Estabeleceu-se desse modo, sem intenção explícita, uma relação de parentesco entre os dois teatros.

Vendido ao Governo do Estado na Administração Punaro Bley, em 1934, o teatro passou a ter seu uso restrito quase exclusivamente ao cinema, sendo rara a encenação de peças teatrais.

Isso mudou somente no final da década de 1960, quando o teatro recebeu obras de restauro que incluíram a adequação do palco e do proscênio, permitindo a exibição de espetáculos teatrais; a transformação dos camarotes; a inserção de um lustre no centro do teto e a repintura dos painéis do teto, executada pelo pintor Homero Massena.

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Essa intervenção resultou na reinauguração do teatro, em 1970, momento em que passou a integrar a Fundação Cultural do Espírito Santo.

Em 12 de março de 1983, o Theatro Carlos Gomes foi tombado pelo Conselho Estadual de Cultura (CEC) por meio da Resolução CEC nº 02/1983, e inscrito no Livro do Tombo Histórico, sob o nº 27, folhas 3v e 4.

A última intervenção de maior porte realizada no Theatro Carlos Gomes aconteceu em 2009, quando foram executados os serviços de conservação da edificação e de seus equipamentos. A partir dessa data, foram realizadas intervenções pontuais, porém sem que houvesse um plano de conservação e manutenção efetivo.

Com o tempo, o imóvel entrou em estado geral de degradação de suas estruturas. Além disso, os sistemas operacionais tornaram-se obsoletos e ineficientes, como o sistema elétrico, de climatização, de iluminação cênica, de cenotecnia, entre os demais.

A elaboração do projeto de restauração e modernização do Theatro Carlos Gomes foi iniciada em junho de 2020 e concluída em junho de 2021, pelo Contrato nº 005/2020, celebrado entre o Governo do Estado, por meio do Departamento de Edificações e Rodovias do Espírito Santo (DER-ES), e a empresa Arquistudio Arquitetura e Urbanismo.

A gestão do contrato foi de responsabilidade do DER-ES e o acompanhamento técnico da Secretaria da Cultura (Secult) foi feito pela Gerência de Memória e Patrimônio (GMP) e pela Gerência de Espaços e Articulação Cultural (Geac). Os projetos foram elaborados para atender às diretrizes estabelecidas pela Secult.

Finalizada a etapa de projeto, a Secult firmou acordo de cooperação com o Instituto Modus Vivendi, tendo como objeto a execução do projeto de restauração e adequação do Theatro Carlos Gomes.

No intuito de obter financiamento privado incentivado, o Instituto Modus Vivendi ingressou em edital da iniciativa Resgatando a História, do BNDES, com anuência da Secult, proprietária do bem. O projeto de restauro foi aprovado e selecionado, totalizando R$ 20 milhões. Cabendo ao BNDES fornecer R$ 10 milhões, e à EDP, os 10 milhões restantes.

Cronograma das obras

1º de maio a 9 de junho de 2023

Montagem do canteiro de obras, contratações, licenças e aprovações.

12 de junho a 1º de setembro de 2023

Demolições, regularizações e impermeabilização no pavimento superior e platibanda.

12 de junho a 27 de outubro de 2023

Restauro do telhado e do madeiramento, instalação do passadiço, calhas e rufos.

4 a 29 de setembro de setembro de 2023

Execução da estrutura metálica para as caixas d’água.

12 de junho a 27 de outubro de 2023

Execução do serviço de instalações elétricas em toda a edificação.

30 de novembro a 1º de dezembro de 2023

Execução do serviço de instalações de Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA).

4 de dezembro de 2023 a 1º de março de 2024

Execução do serviço de instalações de combate a incêndio.

30 de outubro de 2023 a 2 de fevereiro de 2024

Execução do serviço de instalações de climatização.

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* Informações Governo do Estado – Secult

* Foto/Crédito: Hélio Silva (foto Destaque) – Secom

* Fotos: Reprodução (Internet)

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Theatro Carlos Gomes reabre após obra de restauro e readequação

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Vitória / ES

Após dois anos de obras de restauro e readequação, o Theatro Carlos Gomes, localizado na Praça Costa Pereira, no Centro de Vitória, reabriu suas portas nesse sábado (22). Inaugurado em janeiro de 1927, o monumento projetado pelo arquiteto italiano autodidata André Carloni, inspirado no Teatro Alla Scala de Milão, passou por inúmeras melhorias, resgatando valores estéticos e históricos que contribuirão para perpetuar suas tradições e saberes.

O evento de reabertura contou com a apresentação da Orquestra Sinfônica do Espírito Santo (OSES) convidando o cantor capixaba Silva, destaque nacional da nova música popular brasileira. As atrações musicais se apresentaram na Praça Costa Pereira, enquanto o teatro permaneceu aberto à visitação do público, que pôde conhecer o resultado da obra de restauro. Dentro do espaço, ocorreu uma intervenção artística da artista Flávia Junqueira.

Governador fala da importância do Theatro Carlos Gomes para a cultura capixaba / Foto: Hélio Filho – Secom

Na ocasião, o governador Renato Casagrande anunciou novidades sobre o início das operações do Theatro Carlos Gomes, como a divulgação da temporada de reinauguração, com programação já confirmada de dezembro a março de 2026; a abertura, nas próximas semanas, do edital de concessão de uso para a cafeteria do teatro; e o início das visitas mediadas para o público, duas vezes por semana, em diversos horários ao longo do dia.

As obras foram realizadas pelo Instituto Modus Vivendi, a partir de acordo de cooperação entre o Governo do Estado, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), como parte da iniciativa Resgatando a História, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da EDP, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet). O valor total investido foi de R$ 20 milhões – sendo R$ 10 milhões provenientes do BNDES e R$ 10 milhões da EDP.

“Noventa e nove anos depois de sua inauguração, estamos reinaugurando o Theatro Carlos Gomes totalmente restaurado. Este é um equipamento importantíssimo para a cultura do nosso Estado. Resgatamos um espaço que sempre foi o centro cultural do Espírito Santo e, assim, colocamos fim a um problema histórico, que era manter esse teatro fechado. A partir de agora, teremos uma programação cultural forte e vamos fortalecer ainda mais o Centro da nossa Capital”, afirmou o governador Casagrande, acompanhado pela primeira-dama do Estado, Maria Virginia. 

Para o secretário de Estado da Cultura, Fabricio Noronha, o Theatro Carlos Gomes é um símbolo da história e da força da cultura capixaba. “Sua entrega representa não apenas a recuperação de um patrimônio arquitetônico e afetivo, mas também a reafirmação do compromisso do Governo do Estado com as artes, com a memória e com o futuro da criação artística no Espírito Santo. Cada detalhe restaurado traz de volta parte da nossa identidade e da trajetória cultural que molda quem somos”.

Ele também falou sobre o que a Secretaria da Cultura deseja para o retorno deste equipamento cultural. “Queremos que o Theatro volte a pulsar como um espaço vivo, aberto a todas as linguagens e expressões, capaz de inspirar novas gerações de artistas e emocionar o público. Este é um passo fundamental na consolidação de uma política cultural que valoriza o patrimônio, fomenta a produção contemporânea e reconhece a arte como força transformadora da sociedade”, pontuou.

Com a restauração concluída, o Theatro Carlos Gomes — que já recebeu grandes estrelas como Bibi Ferreira, Paulo Autran e Fernanda Montenegro, além de inúmeros artistas e apresentações locais — volta a abrigar grandes espetáculos, shows e eventos, em um projeto que busca recuperar sua originalidade histórica e arquitetônica e resgatar a memória afetiva do capixaba.

A presidente do Instituto Modus Vivendi, Erika Kunkel, responsável pelo restauro, afirma que merecem destaque especial neste projeto os novos equipamentos de uso do teatro, como os elevadores para a orquestra e para o público, a nova climatização, banheiros acessíveis e a instalação do café, que terá localização especial e vista para a Praça Costa Pereira, oferecendo à cidade novas formas de interação com o teatro. Foi restaurado, ainda, o lustre de cristal localizado no teto do teatro, no centro da pintura do artista Homero Massena — também restaurada.

“Ao valorizar esse patrimônio histórico e promover seu resgate com rigor técnico e sensibilidade artística, contribuímos para fortalecer a cadeia produtiva da cultura no Espírito Santo. A requalificação do Theatro Carlos Gomes também é um investimento no futuro da cultura capixaba, com impacto direto na geração de emprego e renda. O BNDES acredita que apoiar iniciativas de revitalização do patrimônio histórico é preservar a memória e fomentar desenvolvimento, inclusão e inovação por meio da cultura”, comentou a superintendente de Marketing e Cultura do BNDES, Marina Moreira.

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Para o diretor da EDP no Espírito Santo, Edson Barbosa, contribuir para a restauração de patrimônios culturais é uma maneira de preservar a história e de possibilitar que as pessoas conheçam essa história, que faz parte de suas raízes. “Renovamos a nossa concessão no Espírito Santo por mais 30 anos e as ações socioculturais são peças importantes nessa jornada, pois geram impacto positivo para a sociedade e ajudam a transformarmos hoje as gerações para o futuro”, destacou.

Por dentro da obra

Entre as importantes descobertas feitas nesta obra de restauro, destacam-se os douramentos no proscênio/palco, nos gradis dos camarotes e nos capitéis (parte superior das colunas). Localizados em todos os pavimentos das frisas, eles apresentam um design intrincado, típico da arquitetura eclética, com influências neoclássicas, utilizando folhagens estilizadas em douramentos com folhas de ouro. As colunas, confeccionadas em metal, trazem um tratamento decorativo que reflete o estilo eclético do teatro, com um acabamento de velatura ocre imitando mármore. A volta da pintura marmorizada foi defendida pelo Prof. Dr. Nelson Porto, especialista que acompanha o restauro.

Nas colunas de ferro fundido dos camarotes, onde foram identificados douramentos, e nos capitéis, foi aplicada velatura ocre imitando mármore (fingimento). O fingimento era uma prática institucionalizada no Renascimento e amplamente utilizada em todos os períodos subsequentes da história da arte. Consistia em técnicas de pintura — como afresco, escaiola e têmpera — aplicadas sobre materiais como argamassas, pedras, madeiras e ferros, de modo a alterar sua aparência e conferir-lhes a feição de mármore, metal nobre ou madeira decorativa. O pintor especializado em fingimento era altamente requisitado pela construção civil local.

Também foi resgatada, durante o restauro, a cor mais antiga encontrada no monumento. O amarelo que revestiu o prédio por muitos anos — resultado de uma pintura posterior — deu lugar à cor camurça, um tom clássico dentro do estilo eclético e adequado ao nosso tempo por ser atemporal. Essa tonalidade provavelmente foi utilizada no Carlos Gomes quando ele foi inaugurado em 1927.

A definição da cor foi feita a partir de uma prospecção estratigráfica, processo científico em que os restauradores analisam diversas camadas de tinta aplicadas ao longo da história do edifício. A cor camurça não foi escolhida de forma aleatória: foi resultado de pesquisa científica, certificada por um arquiteto-historiador especialista e aprovada pelo Conselho Estadual de Cultura.

Destaques

Instalações cenográficas

Toda a estrutura cênica do teatro foi renovada, preservando-se, contudo, o teto de madeira e algumas das varas originais. Foi implantado um novo sistema de urdimento, com varas cênicas mecanizadas de alta capacidade de carga. Além disso, foram fabricadas e instaladas novas bambolinas, pernas, rotundas e cortinas de boca, todas confeccionadas com tecidos técnicos certificados.

Elevador da orquestra

O elevador instalado permite elevar a orquestra do fosso ao nível do palco. Essa tecnologia proporciona maior flexibilidade aos espetáculos, possibilitando a ampliação do espaço cênico para apresentações de maior porte ou a adaptação do layout do teatro conforme as necessidades de cada evento.

Sonorização

A instalação do moderno sistema de sonorização, adaptado à estética do monumento, foi um desafio específico no restauro. Foram escolhidos equipamentos discretos e de alta qualidade, alguns fabricados exclusivamente para o Carlos Gomes, como as caixas de som instaladas no proscênio. Elas foram desenvolvidas para se encaixarem entre os ornamentos e pintadas da cor da parede, garantindo mínima interferência visual.

Iluminação cênica

A nova iluminação cênica do teatro conta com equipamentos de ponta, proporcionando uma experiência teatral de excelência. Essa infraestrutura é fundamental para a criação de atmosferas, construção de emoções e valorização dos elementos cênicos.

Restauro da fachada

O restauro também envolveu a fachada do teatro, adornada por cinco estátuas posicionadas no acrotério, elemento arquitetônico que marca o ponto mais alto do frontão. No centro, destaca-se a figura do Deus Apolo, símbolo máximo das artes na mitologia grega, segurando duas liras — instrumento criado por Hermes e presenteado a Apolo, tornando-se seu atributo. Essa representação reforça a importância das artes como expressão essencial da cultura.

Aos pés de Apolo, duas figuras femininas com trombetas complementam a cena: uma segura um livro e a outra uma máscara, sugerindo a união entre música, literatura e teatro.

Logo abaixo dessas esculturas encontra-se o busto de Carlos Gomes, compositor brasileiro nascido em Campinas (SP), que dá nome ao teatro. O arquiteto autodidata André Carloni possivelmente se inspirou em homenagear o compositor por ter sido o primeiro brasileiro a ter sua obra apresentada no renomado teatro de Milão.

Nas extremidades da fachada, outras esculturas representam diferentes formas de expressão artística: escultura (com talhadeira e martelo), música (com lira), pintura (com pincel e aquarela) e letras (com livro). Quatro estátuas de crianças com arranjos florais ladeiam o conjunto, trazendo leveza e harmonia à composição. O processo de restauro foi essencial para preservar e completar os adornos originais, incluindo a reposição das trombetas, garantindo a integridade estética e simbólica do teatro.

Janela de prospecção do piso antigo do teatro

Durante o restauro, foi encontrada e deixada à mostra uma parte do piso original da primeira fase do teatro, anterior à reforma que conferiu ao espaço a atual inclinação da plateia. Nessa fase inicial, o piso era reto.

Douramentos e marmorizados

Os douramentos no proscênio/palco, nos gradis dos camarotes e nos capitéis (parte superior das colunas), localizados em todos os pavimentos das frisas, apresentam um design intrincado, típico da arquitetura eclética, com influências neoclássicas, que utiliza folhagens estilizadas em douramentos com folhas de ouro. As colunas, confeccionadas em metal, trazem um tratamento decorativo que reflete o estilo eclético do teatro, com um acabamento de velatura ocre imitando mármore. A volta da pintura marmorizada foi defendida pelo prof. Dr. Nelson Porto, especialista que faz o acompanhamento do restauro.

Nas colunas de ferro fundido dos camarotes, onde foram identificados douramentos, e nos capitéis, foram usadas em seu corpo velatura ocre, imitando (fingimento) mármore. O fingimento era uma prática institucionalizada no Renascimento e amplamente utilizada em todos os períodos subsequentes da história da arte. Consistia, por meio de técnicas de pintura – como afresco, escaiola e têmpera – aplicadas sobre materiais como argamassas, pedras, madeiras e ferros, em alterar a aparência desses materiais conferindo-lhes a feição de mármore, metal nobre ou madeira particularmente decorativa. O pintor do fingimento era um profissional que se destacava dos demais pintores de edificações e, quando possuía essa habilidade especial, era muito requisitado pela construção civil local.

A volta da antiga bilheteria

A antiga bilheteria foi restaurada e voltará a operar. Ela recebeu restauro dos metais, da pintura e dos douramentos em folha de ouro.

Iluminação interna

Novas luminárias foram instaladas nos corredores, camarotes, camarins e banheiros. Os lustres originais — ou já integrados ao bem cultural à época de seu tombamento — foram mantidos e restaurados, com substituição apenas das lâmpadas incandescentes por LEDs.

Iluminação externa

O projeto de iluminação externa envolveu levantamento dos níveis de iluminância do entorno e implantação de um sistema monumental que valoriza os adornos e a fachada. A utilização de tecnologia LED garante economia, durabilidade e possibilidade de variação cromática por meio do sistema RGB.

Mobiliário

Todo o mobiliário antigo foi conservado, incluindo as cadeiras do camarote do Governador. Os três puffs históricos foram restaurados em sua forma original, com veludo vermelho.

Cortina corta-fogo

A cortina corta-fogo instalada foi projetada para isolar o palco da plateia em caso de incêndio. Composta por tecido especial resistente a altas temperaturas, impede a propagação de chamas, fumaça e gases. Quando ativada, desce automaticamente, criando uma barreira de segurança.

Área técnica e administrativa

Foi criada uma área administrativa no último andar, com banheiros, refeitório e sala para gerência, oferecendo suporte às atividades artísticas e administrativas. Há também um mezanino no foyer lateral destinado ao uso técnico dos espetáculos.

Acessibilidade

Foram instalados um elevador que leva o público a todos os andares do teatro, uma plataforma elevatória para o palco e o elevador da orquestra. O teatro conta ainda com banheiros e camarim acessíveis.

Sobre o Theatro Carlos Gomes

O Theatro Carlos Gomes, construído em Vitória no ano de 1926 e inaugurado em 5 de janeiro de 1927, com projeto e construção do arquiteto autodidata André Carloni, insere-se no período da arquitetura eclética. Nesse período, edificações monumentais — assim como residências da elite — recebiam decoração interna rebuscada: mármores, madeiras nobres, fingimentos (douramentos, marmorizações etc.), estofamentos em veludo e tapetes vermelhos conviviam lado a lado.

O ecletismo levou essas particularidades decorativas às últimas consequências, inserindo, por exemplo, nas grandes residências senhoriais, decorações distintas em estilo e ornamentos para cada cômodo, buscando, por meio de uma “teoria do decorum” simplificada, acomodar a temática decorativa à função do ambiente.
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* Informações Governo do Estado / Comunicação – Conteúdo

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  • Instituto Modus Vivendi / Assessoria de Comunicação – Ilda Castro
  • Foto/Destaque: Crédito – Hélio Filho / Secom

 

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